terça-feira, 22 de março de 2011

O IMC é uma medida confiável? - Parte 1

Caros leitores. Hoje pretendo fazer um alerta sobre uma medida de avaliação que a maioria de vocês deve conhecer. Trata-se do IMC, o índice de massa corpórea, aplicado por nutricionistas e, mais recentemente, até mesmo por médicos, para avaliar a saúde do paciente em termos de peso ideal. O IMC é calculado dividindo-se o peso pela altura ao quadrado. Sugere-se, então, que o resultado deste cálculo indique se o paciente está acima, abaixou ou dentro da faixa de peso adequada para sua altura. Mais que isto, o IMC parece mostrar qual o grau de baixo peso ou obesidade do paciente, se este for constatado e, ainda, que riscos esta alteração de peso ideal pode trazer à saúde do indivíduo. Na figura abaixo, apresentam-se as possíveis faixas de IMC e a situação de saúde a que cada uma delas se associa conforme Lambert Quételet, que desenvolveu estes cálculos no fim do século XIX.




Um exemplo de cálculo de IMC seguido pela avaliação rápida do resultado é dado a seguir:





A rapidez e a praticidade do procedimento de cálculo do IMC são inquestionáveis. Enquanto outros métodos de avaliação mais complexos costumam exigir horas de trabalho e recursos financeiros claramente inacessíveis à maioria dos segmentos da população, o índice de massa corpórea leva minutos para ser estipulado e exige apenas uma calculadora. Hoje em dia, vejo médicos e empresas de alimentos fornecendo aos seus clientes um círculo de papel contendo, ao seu redor, todas as faixas de altura e peso existentes numa população. Associados através de uma seta ajustada no interior do círculo, eles fornecem imediatamente o IMC do paciente, o que elimina, por sua vez, a necessidade de cálculo.

Tanta facilidade desperta o fascínio de muitos. Seria prático e maravilhoso mexer numa setinha de um círculo de papel e, em questão de segundos, informar-se a respeito da sua própria situação de saúde, sendo alertado pelas aparentemente “bem-intencionadas” indústrias de alimentos e profissionais de saúde, mais uma vez, aparentemente “bem-intencionados” quando se trata dos riscos gerados pelo baixo peso ou pelo seu excesso.

Antes de mais nada, porém, friso a importância de tomarmos consciência de que, no procedimento de avaliação corporal de um indivíduo, todo e qualquer método aplicado apresenta falhas e desvios, desde o IMC, o mais barato e simples de todos, até os mais complexos e caros. A complexidade de um método de avaliação pode aumentar a precisão dos resultados e garantir, desta forma, que o diagnóstico seja aplicado da melhor forma possível, e é nisto que muitos nutricionistas trabalharam durante anos a fim de proporcionar segurança no tratamento dos seus pacientes. O IMC, por sua vez, ao promover comodidade, elimina também as chances de exatidão do resultado final, o que prejudica sua firmeza na questão da precisão e distorce facilmente o diagnóstico. E como isto ocorre?

A base para a ausência de fidedignidade do IMC estabelece-se no fato de que ele usa como dado principal o peso do indivíduo, eliminando o dado “composição corporal”. Isto significa que se uma pessoa, por exemplo, é diagnosticada pelo IMC como saudável (estando na faixa entre 18,5 a 24,9 pontos) e tem alto índice de gordura, compensado no peso pelo baixo índice de massa magra, ela ainda assim será uma pessoa com má composição corporal identificada como saudável, o que, por sua vez, impossibilita a intervenção do profissional na orientação de controle alimentar e prática de atividade física como tentativa de modificar os percentuais de gordura e massa muscular do indivíduo, tornando-o uma pessoa menos susceptível, em longo prazo, à incidência de doenças metabólicas.

Este é só o começo da lista de argumentos que coloca definitivamente o IMC na lista de métodos de avaliação física ultrapassados. Ele é tão falho que ultimamente tem sido eliminado da rotina de avaliação de nutricionistas, pois, segundo eles, é apenas “perda de tempo” em meio a tantos caminhos novos e eficazes de avaliação. Médicos e empresas de alimentos ainda divulgam em massa o método do IMC. Por trás disto, não existe apenas ignorância científica, mas também interesses ligados à facilidade com a qual se pode convencer uma pessoa de que ela não precisa de tratamento nutricional, mas apenas medicamentoso. Além do mais, pessoas referidas como portadoras de sobrepeso são o alvo das indústrias alimentícias, frequentemente afinadas com a venda de produtos light e com a divulgação da imagem da magreza como verdade oficial.

3 comentários:

  1. Nunca teremos um calculo 100% certo,mas a praticidade do IMC o torna menos preciso que outros métodos por não analisar mais do que deveria ser posto à prova ,isto o faz ser menos preciso.Devemos então calcular se estamos bem de saudade não só a base desse IMC ;já que tem grande chance de calculo errôneo.

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